Reformulação dos Quadros Competitivos

Na semana passada, a Liga Portugal comunicou que entregou à Autoridade da Concorrência  a sua proposta para o modelo de comercialização centralizada dos direitos audiovisuais das sociedades desportivas  que a compõem.

Conforme referido a 4 de agosto, a nossa candidatura lamenta que esta proposta de modelo ainda não tenha sido divulgada publicamente, impossibilitando uma análise informada e consequente debate entre todos os interessados.

A nossa posição permanece inalterada: a centralização dos direitos audiovisuais, sem uma prévia requalificação dos quadros competitivos profissionais, não serve os interesses do futebol português.

A importação de modelos provenientes das 5 principais ligas europeias, em contextos e realidades completamente díspares da portuguesa, não respeita as especificidades do panorama nacional, desrespeitando igualmente o impacto social e histórico dos maiores clubes do país e em particular do Sport Lisboa e Benfica.

Em teoria, a comercialização centralizada permitirá, tal como comunicou a Liga a 30 de Julho, a “maximização do valor económico dos ativos e a proteção do interesse coletivo do setor”, beneficiando todos os clubes, aumentando a sua competitividade e mitigando as suas diferenças de recursos. Na prática, e atentando ao passado recente da realidade portuguesa, tal não se verificará. Os negócios de comercialização individual que se iniciaram em 2015, associados à forte concorrência real entre as principais operadoras de telecomunicações, envolveram um aumento generalizado das receitas das principais sociedades desportivas.

Hoje, essa concorrência real não existe. Os principais operadores nacionais detêm, em conjunto, o controlo do canal desportivo de maior relevo no panorama desportivo português, reduzindo drasticamente a dinâmica concorrencial. Existe, conceptualmente e de facto, ao abrigo da lei da concorrência, um cartel que pode e deve ser denunciado.

Adicionalmente, a experiência recente de países como a França - onde um contrato anual de 500 milhões de euros foi rescindido pelo último operador por falta de viabilidade financeira - veio demonstrar a ausência de credibilidade das promessas de receitas iguais ou superiores a 300 milhões de euros anuais. Estas promessas, foram feitas não só para garantir a colaboração das Sociedades Desportivas no processo, mas também para que quem as fez, em particular Pedro Proença, mentindo sem pudor ao mundo do desporto português, mantivesse e alcançasse posições de destaque na Liga Portugal e na Federação Portuguesa de Futebol.

Da parte da Liga, não se vê capacidade ou interesse em reformular os quadros competitivos das ligas profissionais, tema negligenciado há vários anos. Pelo contrário, a FPF tem apresentado criatividade e competência, nas soluções implementou no passado recente, nomeadamente através da criação da Liga 3 em 2021.

Tendo todo este problemático contexto em conta, divulgamos hoje a nossa proposta de requalificação dos quadros competitivos da Primeira e Segunda Liga, que apresentaremos para discussão entre todas as sociedades desportivas, na Liga e FPF.

Esta requalificação prevê:

·         Redução do número de clubes na Primeira Liga para 16 na época 2027/28, recordando que o alargamento a 18 clubes efectuado 2014/15 foi considerado temporário

·         Redução do número de clubes na Primeira Liga para 14 na época de 2028/29

·         Criação e implementação de uma 2ª fase da Primeira Liga, em que os primeiros seis classificados disputam o título entre si e as restantes oito equipas, classificadas do 7º ao 14º lugar, irão competir pela manutenção. No início desta 2ª fase, são atribuídos aos clubes metade dos pontos obtidos durante a 1ª fase.
Com base nos dados das últimas três épocas desportivas, estimamos que se verifique um aumento de cerca de 15 pontos percentuais na assistência média por jogo. Este aumento compensa a redução do número total de jogos, de 306 para 268.

·         Requalificação da Segunda Liga a partir de 2028/29, para um formato de duas séries (de 10 clubes) semelhante ao modelo atual da Liga 3

·         Reestruturação da Taça da Liga:

o   Início durante o período de pré-época/verão

o   Formato de eliminatórias de um só jogo

o   1ª eliminatória com presença apenas de clubes da Segunda Liga

o   2ª eliminatória com acesso dos 2 clubes promovidos à Primeira Liga

o   3ª eliminatória com entrada dos clubes classificados entre o 7º e o 12º lugar da edição anterior da Primeira Liga

o   4ª eliminatória com entrada do 5º e 6º classificados da edição anterior da PL

o   5ª eliminatória/Quartos-de-final com a presença dos quatro primeiros classificados da Primeira Liga

o   Meias-finais e Final

Apelamos à Direção do Sport Lisboa e Benfica que mantenha a posição assumida em comunicado a 9 de julho. Posição esta que, tendo sido tomada tardiamente, é condizente com a defesa dos interesses do Clube.

Assumimos o compromisso de negociar individual e diretamente os direitos audiovisuais do Sport Lisboa e Benfica para as épocas de 2026/27 e 2027/28, assim como o de solicitar com carácter urgente uma reunião com o Ministério da Cultura, Juventude e Desporto com vista à suspensão imediata da aplicação desta Lei da comercialização centralizada dos direitos audiovisuais.

Esperamos que esta proposta de requalificação dos quadros competitivos constitua um ponto de partida de uma discussão séria, estruturada e realista com vista ao aumento de competitividade das competições profissionais nacionais. O desenvolvimento e defesa do futebol português estará sempre intimamente ligado aos interesses do Sport Lisboa e Benfica.

Com sócios e adeptos mais interessados e informados, a analisar e debater estes temas estruturantes do desporto nacional, o Benfica Vencerá.

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