Eleições na Liga de Clubes: Questões aos Candidatos
No próximo dia 11 de Abril de 2025, teremos dois candidatos à Liga de Clubes: Reinaldo Teixeira (atual coordenador dos delegados das competições profissionais) e José Mendes Gomes (atual presidente da mesa de assembleia geral da Liga de Clubes).
À partida, parecem duas pessoas equilibradas e minimamente credíveis, carregando a raridade de se encontrarem atualmente ligadas à própria entidade à qual se propõem concorrer, mas surgiram, uma vez mais, guerrilhas típicas nos bastidores de futebol entre as sociedades desportivas. José Mendes Gomes surgiu mais tarde com o apoio e votos de SC Braga e FC Porto, os quais, diz Reinaldo Teixeira, estavam juntos com SL Benfica e Sporting na sua candidatura.
Nada que já não estivéssemos habituados. Basta recordar o sucedido em 2015 quando Pedro Proença surpreende com o seu surgimento tardio (e estrategicamente promovido por algumas sociedades desportivas) contra Luís Duque que caminhava confiante com uma candidatura única que reunia o apoio dos três grandes após ter estabilizado o buraco deixado pela gestão de Mário Figueiredo e tendo recebido, inclusivamente, um voto de louvor no seio da própria Assembleia Geral da Liga pouco tempo antes. Resultado: Proença com 31 votos (58,2% dos votos) a ganhar a Duque que amealhou 23 votos (41,8%). Na liga, meus amigos, resolve-se nos bastidores.
Aos candidatos à Liga de Clubes, cabe à Benfica SAD perguntar, entre tantas outras questões e visões, o seguinte:
Porque é que dão a centralização dos direitos audiovisuais como um processo fechado em termos procedimentais em que terão apenas que cumprir com a Lei sem sequer reunir com os partidos políticos para aferir a possibilidade de alteração, prorrogação ou até de revogação para que se faça algo que não foi feito até agora: debater, discutir e pensar todos em conjunto?
Qual é a base de discussão para o modelo e chave de distribuição? Consideram que a liga espanhola continua a ser o melhor exemplo espelho? Não consideram que o mercado nacional interno está saturado e estagnado por ter atingido o seu limite? Quanto aos direitos internacionais, já começaram a auditar onde está geograficamente o potencial interesse na compra do nosso “produto”?
Se já abriram a porta a um valor inferior aos “loucos” 300 milhões (Reinaldo Teixeira abriu a hipótese, em entrevista à “Bola”, de ser 200 ou 170 milhões e até o diretor da consultora EY – entidade que lançou o último estudo e apontou aos 300 milhões – veio referir num podcast recente que as condições mudaram nos últimos anos ...) porque é que não consideram a alteração dos modelos competitivos da 1.ª e 2.ª liga quando, na realidade o contrato celebrado entre a Liga de Clubes e a Federação Portuguesa de Futebol permite um número mínimo de 14 sociedades desportivas participantes na 1.ª liga e no mínimo de 16 para a 2.ª liga? Se o valor do bolo vier a ser, efetivamente, inferior ao expectável, ao menos poderão partilhar mais dinheiro por menos sociedades…
Haverá alterações à atual estrutura do modelo jurídico no âmbito disciplinar? Não se deve ponderar a extinção do Conselho Jurisdicional destinando as suas curtas três áreas de funcionamento para outro órgão? Manter a comissão de instrutores na Liga faz sentido? Não se continua a dar a entender que o relevante poder de gestão inicial processual, para além de ser opaco, está “demasiado próximo” das sociedades desportivas? Não deve ser a Federação a assumir todo o processo disciplinar in-house como sucede na maioria dos outros países europeus?
Concordam na manutenção da independência entre os regulamentos de arbitragem e de disciplina em relação à Federação? Faz sentido continuarem as sociedades desportivas a determinar quais as sanções disciplinares que lhe são aplicadas época após época?
Muito mais há a discutir. Mas não se assiste ao Glorioso a pensar ou a querer debater. Espero que seja por estar focado em ganhar TUDO! Assim seja! Faça-se a vontade aos benfiquistas!